Se Brasília é sinônimo de uma cidade que também não para – porque nem na madrugada as negociações perdem força – essa semana está a mil. Ontem, principalmente. O movimento começou na Câmara durante a votação do projeto que abre a possibilidade de ampla terceirização no país. Contrariados, os parlamentares da oposição levaram patos amarelos infláveis com a inscrição “devorador de direitos”. A alusão é ao Pato da Fiesp, símbolo da Federação das Indústrias de São Paulo contra a volta da CPMF e a favor do impeachment de Dilma Rousseff.
Nas redondezas, o presidente do Senado, Renan Calheiros, também deu seu show. Escalou a tribuna para se declarar uma inocente criatura. E vítima. Num discurso de 1h59m39s, quis fazer até o “jumento chorar”. Criticou a Polícia Federal por sua “histeria investigativa”, atacou a Procuradoria da República por seus “vazamentos”, que são “estimulados” pelo procurador-geral da República Rodrigo Janot. Por derradeiro, bateu também na imprensa, enfatizando que ela o ataca movida por “prejulgamentos preconceituosos.” Protagonista de uma dúzia de inquéritos, oito referentes à Lava Jato, Renan só esqueceu que não tem envergadura moral para atacar ninguém.