O embate jurídico sobre a soltura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva terá reflexos e novos desdobramentos durante o período eleitoral. Inclusive, podendo manter o clima de incerteza jurídica até as eleições de outubro. Esta é a visão de especialistas em direito e cientistas políticos ouvidos pelo portal Estadão.
Para o cientistas político Vitor Oliveira, da agência Pulso Público, a “guerra de liminares” que se iniciou após o desembargador plantonista Rogério Favreto, conceder habeas corpus de soltura ao ex-presidente reforçou a ideia de politização do Judiciário e de um incômodo em relação à isenção desse Poder.
“As instituições já estão sob desconfiança. A situação de domingo amplia uma desconfiança de que o Poder Judiciário não age com imparcialidade. A desconfiança na Justiça pode produzir, na população, questionamentos em relação ao próprio processo eleitoral”, afirmou, lembrando que candidatos ligados à direita e a à esquerda já ensaiam esse discurso.
O sociólogo Rogério Baptistini, do Mackenzie, chama o momento vivido pelo País de “a tempestade perfeita”: o “encontro” de crises em todas as esferas de poder. “O processo político está a reboque da Lava Jato. É preciso de um freio de arranjo, que não deve acontecer. As lideranças que poderiam trabalhar para construir um consenso estarão divididas por causa da eleição”, afirmou.