Osmar quer ser reintegrado ao quadro
Às vésperas do aniversário de 50 anos do golpe de 1964, uma decisão do Tribunal Superior do Trabalho obriga o banco Bradesco a readmitir um ex-funcionário dispensado por motivos políticos durante a ditadura militar. Atualmente advogado, Osmar Ferreira trabalhava como chefe do setor de cobrança do Banco da Bahia -incorporado ao Bradesco em 1973 -, quando foi demitido, após ser preso por ter relação com a Juventude do Partido Comunista Brasileiro. No entanto, o ex-bancário possuía estabilidade sindical, pois, em 1963, foi eleito suplente do presidente do Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos Bancários de Feira de Santana, e não poderia ter sido demitido.
“Os bancos fecharam por algum tempo após o golpe militar. Quando voltei a trabalhar, um sargento do Exército foi à agência onde eu atuava. Fui chamado na sala da gerência e lá fui preso. Fiquei 12 dias detido e sofri muitas torturas físicas, mas principalmente psicológicas”, narra. Segundo Ferreira, o fato de ter lutado pela estatização de alguns setores da economia, inclusive do setor bancário, influenciou em sua prisão. “Todo poder econômico era ligado à ditadura”, afirma.
Em 2003, um ano após a lei da anistia ser sancionada, ele entrou com pedido de perdão político, mas só o obteve em 2010. No ano seguinte, solicitou reintegração ao posto profissional. O processo passou por três instâncias até o aval favorável do TST. Por mais estranho que possa parecer, ele vai recorrer e explica o porquê. “Decidiram que devo ser readmitido, mas quero ser reintegrado. Assim, teriam que me pagar direitos trabalhistas de 50 anos, incluindo salário, férias e promoções que eu poderia ter tido”. Informações: jornal A Tarde.